“Tudo existe, é um dos extremos.
Nada existe, é o outro extremo.
Devemos sempre nos manter afastados
desses dois extremos
e seguir o Caminho do Meio”Siddharta Gautama, O BUDHA (563-483 a.C.)
As perguntas são as chaves misteriosas da verdadeira realização. E assim a pergunta se torna mais importante que a resposta, porque a pergunta é a busca e a resposta é o desvio da mesma. Compreendo agora quando se pergunta: "Quem sou Eu?" e na resposta: "Neti, neti (isto não, isto não". Isto não é uma rejeição e sim a afirmação do que os mestres dizem: "Esvazie-se de todas as respostas e no vazio, encontre o Eu!"
O que é o Eu? É este corpo? É esta mente? Onde pode este eu habitar aquilo que não existirá um dia?
Percebo a alquimia interior como aquela que favorece o mergulho no Eu. Eu, o indivíduo, este ser que não morre. Será imortal e eterno? Onde se funde o princípio da individualidade, onde se origina? Fico nessa, a perguntar: de onde vem e para onde vai? Quem sou EU?
Mestres falam da eliminação do eu como ego, mas será este capaz de deixar de existir? Ou haverá somente uma transformação na forma como o ego-personalidade se expressa, se manifesta e co-existe com a verdade essencial?
Para Sidhárta Gautama: "Aí está o Eu, aqui está a verdade. Aí onde está o Eu, não existe a verdade e, onde está a verdade, não existe o Eu. O Eu é o erro fugitivo do Samsara: é o individualismo que isola e o egoísmo gerador da inveja e do ódio.
O Eu é o insensato ardor pelo prazer, o que ocorre como louco aos triunfos da vaidade. A verdade é a compreensão justa das coisas, é o permanente e o eterno, o real em toda a existência, a felicidade da senda direita. A existência do Eu é uma ilusão e não há, no mundo, subterfúgio nem vício que não se derive da afirmação do Eu. Ninguém pode possuir a verdade senão sob a condição de reconhecer que o Eu é uma ilusão.
Ninguém pode seguir a reta senda, senão depois de libertar seu espírito das paixões egoístas. A paz perfeita não pode se estabelecer senão quando desaparece toda vaidade. Somente a eliminação do Eu pode nos permitir a liberação do círculo das cento e oito existências simbolizadas pelo colar de Buda. Eis aqui as chaves para lográ-lo."
Segundo Ánanda Kúmaraswámi, em a Dança de Shiva: "O lugar onde o ego é destruído representa o estado em que a ilusão e as ações são reduzidas a cinzas. É ali que dança o Natarája."
Por isso o crematório e o cemitério tem um papel tão importante. Onde se queima o corpo, onde morre o desnecessário.
Procurar o quê? Se já está aqui e sempre esteve? Parece que quanto mais se procura, menos se acha, porque a procura cega os olhos da percepção sutil da real essência.
Quando a procura finaliza, a busca cessa...
OM TAT SAT!
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